Foto: www.instagram.com
VIVIANE CASTELLEONI
( Brasil – RIO DE JANEIRO )
Viviani Castelleoni é figurinista formada em Arte, Figurino e Indumentária pelo SENAI/CETIQT, Rio de Janeiro.
Publicou se primeiro livro em 2016: A Poesia te Veste Por Dentro – haicais e poemas breves. Também tem poemas publicados na coleção Antologia de Poesia Brasileira Contemporâneas – Além da Terra, Além do Céu, da Editora Chiado.
Atualmente, a autora trabalha na publicação de seu segundo livro com poemas eróticos.
 |
STARLING, Rodrigo, org. Cem Poemas: Cem Mil Sonhos. – Homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no P aís. Belo Horizonte: Starling, 2018. 176 p. No. 09 814
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
POEMA ACORRENTADO
Meus poemas são doces
Docinhos.
Feitos de palavras mansas
Barco, navio, passarinho...
Queria um poema pesado
Que mostrasse a dureza do mundo
Um poema parede
Um poema concreto
Um poema gigante
Nada sintético
Nada falasse das dores do negros, das putas
Das injustiças da vida
Um poema politizado
Que colocasse o índio
No mais alto status
Um poema onde minorias
Fossem legitimamente maioria
Um poema dedicado
Aos oprimidos, aos ignorados E
Eu queria um poema definitivamente
Bombástico
Um poema árido
Que não tivesse porto
Que te sumisse o chão
Que não desse conforto
Um poema na contramão
Um poema que falasse das gírias do povo
Versos e rimas sobre o prato pão com ovo
Um poema da rotina do estivador com a cafetina
Eu queria arrancar à uma um poema adrenalina
Um poema lancinante
Um poema urgente
Eu queria escrever
Um poema de gente
Gírias de gays, favelados, prisioneiros, rebelados
A língua próprios dos guetos e tantos outros não
representados
Mas se me vem a florzinha que brota na fenda mofada
Naquele lugar úmido, marginal, abandonado
Preciso falar dessa flor
Dessa aridez metafórica
Desse universo obscuro
Dessa força que se move
Fenda e flor me revelam
O teatro dos desprezados
A SINA DAS FORMIGAS
Banida a parcimônia
Expulsa a cerimônia
Nós, os exilados, deixaremos o desterro
Para intermináveis festejos.
Não haverá rua, praça ou gueto
Isentos da nossa alegria, nosso suor e nossos beijos.
Foguetes triscando o céu
Corpos livres, em lua-de-mel
Fecundarão o espaço
Onde os únicos estilhaços
Serão o grito solto e o frenesi dos abraços.
Vibrantes sobre o marasmo
Nós, os exilados, os anarquistas, os desvairados
Dos manuais faremos confetes a lancear magistrados.
E que ninguém se esqueça ao pisar este chão
A batalha travada foi pela partilha do pão.
*
VEJA e LEIA outros poetas do RIO DE JANEIRO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/rio_de_janeiro.html
-
- Página publicada em maio de 2025.
|